Witchblade foi um dos títulos da Top Cow lançado no auge das Bad Girls. Uma época nos quadrinhos em que revistas com heroínas ou vilãs faziam sucesso, sendo quase sempre desenhadas por artistas especializados em desenhos sensuais e provocantes.
E Witchblade revelou um dos melhores e mais talentosos especialistas nisso e muito mais, o saudoso Michael Turner. A quem interessar, a revista era escrita pelos péssimos David Wohl e Christina Z, 02 roteiristas que pro bem dos quadrinhos parecem ter sumido do mapa.
Sei que nos títulos das bad girls os roteiristas a maioria das vezes eram amadores, e até desnecessários, porque o que o povo queria ver eram mulheres seminuas aqui, uma empinada de bumbum ali, etc. Mas Wohl e Z foram pretensiosos demais ligando o vilão da trama à personalidades famosas do mundo real ainda que de maneira leve, correndo sério risco de trazer processos à editora por difamação ou uso de imagem não autorizado. E por vezes tentando fazer a estória toda parecer grande demais do que realmente era. Sem falar na irritante indecisão sobre a personalidade da personagem.
Sarah Pezzini é(ou deveria ser) uma detetive durona do departamento de homicidios da policia de Nova York que em uma investigação rotineira acaba se tornando a detentora da Witchblade, uma luva arcana poderosa, que é objeto de desejo do poderoso e misterioso magnata Kenneth Irons. Pezzini descobre posteriormente que a Witchblade ter ido parar em suas mãos não foi mera coincidência. A trama envolve ainda Ian Nothingham, um frio assassino que trabalha para Irons, mas tem seus próprios interesses.
Quando digo indecisão falo de que hora Pezzini parece uma mulher forte, determinada, inteligente para em outro momento parecer frágil, confusa, burra e extremamente inocente. Sei que talvez tenha sido uma tentativa de mostrar que as mulheres mesmo num tipo de trabalho assim mostram sensibilidade, mas algumas situações aqui são exageradas demais. É ridicula a forma como Irons consegue enrolar Pezzini e conduzi-la da forma como quer sem muito esforço. A mesma Pezzini que lida facilmente com bandidos dissimulados. Não baixa a guarda pra um colega de trabalho, mas se deixa levar por um estranho. Faltou decidir qual é a dela, por mais que mulheres sejam seres confusos. E o que dizer dos dialogos ? As vezes dá a impressão de que alguma criança os escreveu de tão bobos que alguns são.
Mas apesar de todas as mancadas, eles ainda acertam algumas vezes e sabem criar algumas sequencias de ação legais. Claro que Michael Turner tem enorme contribuição nisso. Ele se destacou não só belos corpos, mas também por um inesperado bom gosto em compor cenários, com um detalhismo e veracidade de causar inveja. Um trabalho que com certeza teria admiração de alguns fãs de arquitetura ou paisagismo.
Dessa forma Witchblade acaba sendo uma leitura pelo menos razoável. Uma personagem de conceito interessante, apesar de mal trabalhada. E um artista de quadrinhos diferenciado e que iria fazer muito mais a seguir. Vale pelo menos uma conferida, mais pelo Turner do que por qualquer outra coisa. Nota: 4,5
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